segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Bombas inteligentes – 1° Guerra Mundial

O século XX conheceu cerca de 140 conflitos: dois deles foram “mundiais” e 15 resultaram em mais de um milhão de mortos. Contam-se 25 antes de 1939 e 115 a partir de 1945. Até o fim da Guerra Fria, o ritmo se acelerava de acordo com os “progressos” na invenção de novos armamentos, cada vez mais caros e sofisticados. Depois de 1991 e da queda da União Soviética, os conflitos entre Estados passaram a dar lugar a guerras civis.
Em torno da Primeira Guerra Mundial forjaram-se características que se desenvolveram nas décadas seguintes. A produção de armamento adquiriu seu caráter industrial de massa: por exemplo, entre 1914 e 1918, a França fabricou 51.700 aviões, envolvendo 1, 8 milhão de pessoas na produção de guerra.
Esse momento marcou a entrada na terceira dimensão, ao mesmo tempo no ar, com os aviões, e na água, com os submarinos. A mecanização, por meio dos tanques, revolucionou a cavalaria. As comunicações, essenciais para conduzir os tiros de artilharia, não se faziam mais por estafetas e cornetas, mas por telefone – 30 mil deles estavam em uso no fim de 1918.
Ele também definiu a largada da corrida pelo gigantismo (calibres, tonelagens, ritmos de tiro das metralhadoras) e pelas “novas” armas (químicas). Todas essas características foram levadas ao apogeu no conflito seguinte: a Segunda Guerra Mundial. A derrota russa para o Japão em 1905 já havia marcado um primeiro questionamento das potências tradicionais e a primeira derrota do “homem branco”. Nas guerras de resistência colonial entre 1918 e 1939, os revoltosos, por vezes, conseguiam garantir batalhas, mas não a vitória total (Guerra do Rif1). As guerras civis distinguiam-se por sua rudeza (na Rússia, na China), enquanto a Guerra Civil Espanhola (1936-1939) prefigurava o grande enfrentamento de 1939-1945. As armas químicas foram usadas maciçamente durante a Primeira Guerra Mundial e, desde então, já faziam vítimas civis. Seu uso foi estendido durante as guerras coloniais – pelos britânicos no Iraque, e pela Itália na Líbia. Guernica2 inaugurou os bombardeios aéreos em grande escala sobre o Velho Continente, prática que foi generalizada ao longo do segundo conflito mundial, levando ao limite o desenvolvimento das armas clássicas.
Os armamentos inventados a partir de então aceleraram a mudança: radar, foguete antitanque, pistola metralhadora, metralhadora pesada, lança-chamas, bomba incendiária, bomba superperfurante de 10 toneladas, primeiros aparelhos teleguiados, mísseis (V1 e V2), sonar, dispositivo infravermelho, sistemas de detecção eletromagnética etc. A dimensão industrial continuava mudando de escala. A Alemanha, o Reino Unido e a URSS produziram cerca de 100 mil aviões cada. Só os Estados Unidos fabricaram 320 mil. Das linhas de montagem estadunidenses saiam também dois milhões de caminhões, a mesma quantidade de jipes e 220 mil blindados. Os bombardeios em massa sobre as cidades assumiam uma amplitude inédita – lembremo-nos de Londres e Dresden. E, por fim, as duas bombas atômicas lançadas sobre o Japão colocaram o mundo na era nuclear e sob a marca do terror.

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